quarta-feira, 27 de novembro de 2013

confortável acaso

Tropeço enquanto caminho,
Ignoro mas repito o passo.
Forço um olhar para o chão -
Quão distraído estava,
Idiota de olhos vendados!
Esqueço ou lembro o conforto, definho
Para algo baço,
Para algo... não.
Não sei de que falava
Para nos pintar tão descarrilados,
Desorganização em rasgado pedacinho.
Por pouco não me desfaço,
Desfasado do que me dão:
Conselhos e sermões à brava...
Primordialmente por ignorantes indignados.
Porventura te tenha por acaso -
E assim te encontrei -
Porém, por isto não farei caso,
Quente no peito tal o rei.

domingo, 24 de novembro de 2013

esconderijo nas nuvens

Cerrado e frio,
Oportuno - talvez.
Nevoeiro que és,
Ingénuo que fui.
Grito ao que me despiu
De todo o charme que não vês.
Mal sinto os pés
De ir contra teu conluio.
"Sobe e dissipa!" -
Clamo para cima,
Esperançoso que algo me ouça
E retire de mim este ar saturado.
O coração é minha tripa,
Pois, com o que se avizinha,
Deduzo que pouca falta faça
Este órgão amaldiçoado.
Maldições de bondade
(Na condição de ignorância)
Tornam estúpido todo um ser
Que nem queria estar acordado.
Ah, tamanha é a saudade
Da neblina que envolvia
Este desfalecer envergonhado.

obreiros mentais

Tanta desorganização
Num mundo,
Num símbolo de degredo.
Sentimentos que rugem
No ferro-velho, a predilecção
Pelo desapego profundo
Que encontro no segredo.
Meu sangue é ferrugem.
Distraio-me num segundo,
Perco a grua
Que controlava
O meu pensamento perdido.
Daqui não sou oriundo -
"Crês nesta falcatrua?"
- Com o frio oxidava,
Sou só um arame partido.

domingo, 17 de novembro de 2013

escalada da falácia informal

Erros costumes 
Delineiam um caminho -
Porco todo ele - 
Que teima comigo em não acabar. 
Esforços nos cumes
De montanhas onde definho 
E invento o flagelo 
Dos que desprezam o seu andar. 
Mesmo que fumes, 
Arranja fôlego, pouquinho, 
Para que te sumas sem vê-lo, 
Ao que do cansaço te não deixa pensar. 
Falseio rumos 
Para que te percas sem asas no ninho - 
E que assim não possas voar dele - 
Pois perderias o teu bom ar. 
Ou a falta dele, no que eram póstumos
De ledo franzino
Que, ao lhe chegar, congelou o cabelo,
Perdendo-se na queda, a arfar.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

vizinhos I

Éramos estranhos
Que esperaram de mais.
Inócuo o pensamento
E a constatação do óbvio.
Oh, quão desnecessário sou?
Enganámos rebanhos
De homens disfarçados de pardais.
Por muito pouco não rebento
Ao ver pleonasmos em tanto ódio.
Comigo ninguém falou
De tabus ou sagrados banhos
E, se falou, inconsciente estava a ouvi-lo.

- Pouco necessário e indiferente
Pois o meu riso por aí não ressoou.
Nem o meu riso nem o que vingo,
Pregando ao que não sou.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

batalha do anti-herói

Nada mais que um anti-herói
Que divaga no tempo
Por tempo ter a mais. 
Perdeu-se onde procurava,
Ironias que ridicularizam
O que não te destrói
Mas perto se vai mantendo. 
Perguntas-te por onde vais,
Continuando por essa estrada
Que pensamentos delineiam, e não, não...
Para onde vai o que te corrói? 
Chuva, esse tormento
Que molha os demais
E a ti, pouco considerava
Que fosses o que os outros usam
Para evitar o que não mata mas mói. 
Estilhaças por dentro,
Mas por fora não cais.
Não entendo o que de ti esperava
Por seres o inimigo
De um anti-herói. 
Quem salvas tu?

domingo, 3 de novembro de 2013

o desconforto (re)partido

Vejo, agora, o que eras;
O que não vi.
E custou-me o mundo...
A miopia tem muito que se lhe diga.
Já me deixei cair às feras
Pois, sem ti,
Fui de encontro ao desapreço imundo
Por mim, por tudo - e olha que fadiga -,
Pelo pulsar. Sinto que te esperas,
Enquanto recordo o que perdi
E olho para o fundo
De um poço, ou de uma formiga,
Que importa, se por mim não esperas?
Sem dúvida, caí.
E, no escuro profundo,
Não te vi eu, rapariga.
Desculpa as guerras,
O desapego aqui e ali,
E aquele choro em que abundo
Por te ter deixado sem vida,
Ainda que por momentos.