terça-feira, 25 de outubro de 2011

Nightcrawling deambulations

Estou deitado na cama , tudo está às escuras excepto o pequeno mostrador das horas da aparelhagem . Oiço lá fora o vento a passar por entre as folhas das árvores que , à mercê do vento , são débeis formigas por baixo da sola dos nossos simpáticos sapatos . Não sei que horas são e tenho a vista demasiado deturpada para as ver na aparelhagem que apenas está a cerca de 2m de mim , porém , as horas não me preocupam nesta noite . Na verdade , nem sei o que realmente me preocupa para não conseguir relaxar e dormir um pouco . Apenas sei que é algo que está de tal maneira incrustado que não me é possível retirá-lo da minha mente . Divago um pouco mais nesta ideia de ter imperativamente de dormir o mais cedo que conseguir. O único problema é que, ao pensar em algo, é-me praticamente impossível dormir pelo cansaço , apenas conseguido executar essa tarefa que se revela difícil ao meu sistema pela exaustão .
Chegar à exaustão é um ponto que tento evitar ao máximo , pois sei que quando , finalmente , reiniciar vou estar com uma réstia de exaustão no corpo , essa mesquinha perseguir-me-á ao longo do dia , da semana , ou até do mês se ela quiser . Há dias em que tenho dúvidas se nos é possível controlar o que está dentro de nós . Bem , não o que está dentro de nós literalmente , pois essas acções são involuntárias e automatizadas pelo nosso cérebro , mas sim o que está dentro de nós , no cofre que devia estar trancado a 7 chaves ou mais . Estou a desviar-me da exaustão , mas talvez retome o rumo pelo caminho correcto depois desta volta um tanto desnecessária . Mas , agora que mencionei isso , haverá um caminho correcto para o que quer que seja ? Então e "Todos os caminhos vão dar a Roma (amoR)" ? Há razões geográficas para esta citação , porém , não são essas as que procuro , de forma alguma .
Talvez seja uma pessoa que é demasiado terra-a-terra , e talvez por isso tenha de entender tudo , gosto que tudo seja esmiuçado para que perceba realmente o porquê de ser , de existir . Não gosto de olhar para algo ilógico , não gosto de coisas que apenas existem sem um significado aparente , que apenas estão lá porque sim . Defendo a teoria do "Tudo tem uma razão de ser" , mas há certas coisas que simplesmente não constam da minha enciclopédia , do meu disco rígido ou da minha whatever , é apenas um recurso metafórico que uso sem razão , aparentemente , apenas para dar mais luz ao texto , sendo um pouco hipócrita para com o que escrevi umas linhas acima .
Procuro todo o dia , e acima de tudo , um significado para estar aqui , neste determinado sítio , conhecer as pessoas que conheço e ter vivido os acontecimentos que vivi . No fundo , estou a tentar encontrar um fundamento para a vida . Julgo que toda a gente pensou nisto , ainda que apenas por escassos momentos .
Na verdade , tomei um rumo completamente diferente do que planeei , sendo isto completamente natural nas viagens que faço frequentemente ao subconsciente e às terras próximas dele . Ainda tenho muito que explorar , é certo , talvez um dia descubra o que há a descobrir , talvez seja famoso por isso , ou talvez apenas esteja iludido pela exaustão e cansaço que sinto .
«my bad , these are crossed , maybe it's easier that way»

domingo, 16 de outubro de 2011

turn over , NOW

Sinceramente não poderei dizer nada de verdade. Todos nós estamos condicionados, mesmo os que pensam não estar. Temos elementos que nos limitam a certas áreas da verdade. Posso então afirmar com certa convicção que todos mentimos. Sim, o facto de termos sido submetidos ao contacto com outras pessoas fez-nos alterar o nosso comportamento. Tentando adaptar-nos ao ambiente social em que, todos os dias, estamos inseridos, fomos mudando, a pouco e pouco. Mudando para melhor? Bem, talvez. Somos exactamente como o mundo, estamos sempre em movimento, mesmo quando tudo parece estar já em repouso, enquanto tudo dorme e está sem preocupação alguma, o nosso interior vai fazendo as suas mudanças devagarinho. Por vezes, chego mesmo a acreditar que o meu corpo e a minha mente têm vontade própria. Tento perceber a causa e a justificação existentes para determinados acontecimentos, porém, nada me ocorre e continuo com um vazio no pensamento. Não, o pensamento continua repleto de perguntas, a zona das respostas é que continua nova em folha. Será pedir muito, isto de obter algumas respostas?
São várias as situações com as quais nos deparamos, diariamente, que requerem uma ou outra resposta um pouco menos simples. Não devemos, de qualquer maneira, usar o "não sei" como desculpa esfarrapada ao que não conseguimos explicar. Já havia escrito uns 4 parágrafos sobre temas diferentes, sentindo-me um pouco hipócrita ao relê-los, sabendo perfeitamente que não era aquilo que queria escrever em concreto. No entanto, alguns dos temas que usei anteriormente estão a vir ao de cima neste novo texto que está a ser preparado com algum jeito e carinho, com algum rigor e frustração incutidos.
Tento, por aqui, expressar algumas das dificuldades da vida , aquela entidade que parece irritar-nos mais do que as finanças. Tendemos a chamar-lhe de tudo, mas já o facto de a termos é uma sorte. Costumo imaginar-me noutros sítios, uns onde é mais fácil viver e outros onde é aparentemente impossível, penso em ter outras vidas e penso depois nas hipóteses. Apenas chego à conclusão que devo contentar-me com o que tenho, assim como muitas das pessoas que parecem queixar-se de tudo o que há de menos bom. Não quero fazer discursos contra as pessoas queixosas, de diversas situações, não, não quero, quero sim marcar um ponto vital num caminho até, quem sabe, à possível felicidade, se ela realmente existir.
Aí está, não sei se a felicidade existe mesmo, não sei o que realmente existe, apenas sei que devo parar de me esquivar do que não sei, de forma a mudá-lo, aos poucos e muito devagarinho, para o que passei a saber.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

letter to a person I do not know , but I know the best , a letter to me

Pensas que estou escondido mas , ao mesmo tempo , pensas que me consegues descobrir . O único problema dessa equação que começaste a imaginar é que está errada , como que uma equação impossível , entendes ? Eu não estou escondido e tu apenas não me encontras por não quereres ou por já não saberes onde deves procurar: nos sítios mais simples , talvez seja uma boa opção , não ? Talvez apenas estejas preguiçoso , talvez apenas estejas à espera que te vá dizer onde estou . Estás ? Pois bem , eu não me mexi um centímetro desde a última vez que falámos a sério , a sós como só nos é possível a nós . Naquele cantinho onde ninguém alguma vez chegará , só eu e tu sabemos as armadilhas de trás para a frente , nós construímos todo o campo minado no decorrer dos anos .
Abre os olhos , para variar um pouco , olha à tua volta e diz-me o que vês . Tudo está diferente , sim , é verdade . Tudo à tua volta está mudado , está maior , ou completamente destruído . Tu estás entre esses dois extremos , agora toma um partido . Queres ser destruído ou crescer um pouco , eu cresço sozinho , mas tu estás incluído , se bem que não me tens acompanhado nestas últimas etapas do percurso . Agora sou eu que pergunto , onde estás ? Espera lá , não está na minha vez . És tu que tens de me encontrar , apesar de , e volto a repetir , continuar no mesmo sítio . Sou como um corpo emaranhado em algo pegajoso e difícil de eliminar , estou enrolado em caramelo ou em algo parecido . Não , algo mais amargo e duro , como cimento e limão juntos numa mistura estranhamente bem correspondida , neste caso .
Apenas quero que repares numa coisa , o cimento pode partir-se e deixar de cheirar a limão , mas o caramelo , a meu ver , nunca deixará de ter o seu travo doce . Podes escolher ser cimento e um dia partires de vez , nos dois sentidos que acabaste de entender . Podes também escolher ser caramelo mais um pouco , pois desde criança que és assim . Embora não tenhas crescido tanto que já não te relembres do teu eu do Passado , julgo que faço bem em relembrar-to e cingi-lo mais uma vez . Sublinho-te que tudo o que queres e precisas está no sítio onde só nós sabemos chegar , o tal que construímos ... lembras-te ?
Sim , lembro .
Afinal estiveste aí este tempo todo , gostaste de ouvir-me a lamuriar , aposto ...
A única coisa que não percebeste foi que , apesar de sermos enormes por dentro , nunca estás sozinho . Estou atrás de toda e qualquer porta que abres , estou ao pé de ti quando te lembras de algo . Agora lembra-te disto que te estou a dizer , nasci contigo e vou-te acompanhar em tudo o que houver para acompanhar , somos um .
Oh , mas não apazigúes o que escrevi sobre ti e a tua estupidez . Ah , espera , esta é dos dois ...

domingo, 2 de outubro de 2011

Bottled inspiration - sold out

A inspiração é algo que devia vir em garrafas. Pequenas ou não, caras ou não, difíceis ou não de se encontrar, mas em garrafas. Talvez assim conseguisse escrever aqui mais assiduamente ou apenas com uma frequência mais elevada do que nos últimos tempos. Dediquei-me a outros hobbies, pensando que conseguiria arranjar espaço para mais um ou outro, sem que deixasse outros mais antigos para trás. Pelos vistos não me foi possível fazê-lo, aliás, é como a maior parte das situações que ocorrem nos dias de hoje. Sempre que temos algo novo, tendemos a dar-lhe um certo tipo de atenção diferente do que damos a coisas que já nos habituámos a ter ou ver. Queremos quebrar rotinas, queremos tentar e pensar o diferente. Para além disso, é saudável quebrar rotinas. Apesar disso, o nível de saúde pode ser letalmente abordado por outros factores vindos... hm, talvez do passado. E com "letalmente abordado" quero sublinhar um ataque ao estado de sanidade mental de certo indivíduo. Ficamos, por assim dizer, divididos entre duas realidades paralelas e perpendiculares ao mesmo tempo. Esta será, a meu ver, uma conta daqueles que dão erro na calculadora. Porquê? Bem, por ser praticamente impossível consagrar estas duas realidades no mesmo sítio ou no mesmo mundo, sim , é isto mesmo.
O simples e único facto de se poder caminhar em frente e deixar alguma coisa cair, torna toda uma história fácil de ser mudada por alguém que a desconheça, sendo assim então um completo estranho com algo a mostrar, a provar. No momento em que esse estranho decidir ter alguma acção que permita, à pessoa em questão, identificá-lo por uma razão, passa quase que automaticamente a fazer parte de uma das realidades paralelas em cima referidas.
Eventualmente irá ocupar um lugar que outrora fora de um outro alguém, sendo inevitável que esse outro alguém seja substituído quase completamente.
Não é impossível resistir a uma uma troca, a uma substituição desta magnitude, mas nada é impossível, afinal de contas. Há coisas que são simplesmente disparadas contra nós quando menos esperamos, fazendo assim que estejamos completamente desprevenidos e apanhemos o dito tiro. Não conseguimos andar de colete à prova de bala para sempre, não nos podemos esconder para sempre. Na verdade, acho que é rara a aplicação do "sempre" que é correcta. Somos pouco terra-a-terra, hoje em dia. Conseguimos exagerar bastante no que dizemos uns aos outros, mas não que seja por mal, nada disso. Apenas porque estamos alucinados com algo, com a beleza da nossa idade, talvez.
Talvez não deva ser só a inspiração a vir em garrafas, talvez tudo o que pode ir e vir em pouco tempo devesse vir em garrafinhas, daquelas pequenas e às quais ninguém dá muita importância.