terça-feira, 22 de abril de 2014

metodologia energúmena

Não temos método
Mas mantemos o critério:
Ensolaremos a névoa
Que nos turva o pensamento:
Larguemos os guarda-chuvas ao vento,
Sejamos molhados num todo;
Vamos lutar contra o império!
Ganância e arrogância à toa
E sem qualquer fundamento.
Tirem-me daqui, que mal me aguento.
Escala-se a modéstia
E deixa-se para trás o idiotismo,
Que pesos destes não se querem
Nem oferecidos!
Da compaixão não se denota réstia:
Lá foram os tropeções do companheirismo,
Otites em nossos tímpanos que nos ferem
Ferem-nos o cérebro, estamos fodidos.

pede-se perdão pelo palavrão indiciado no último verso deste pseudo-poema; apenas é qualquer coisa que descreve, numa palavra e a roçar a perfeição, o estado dos jovens pensadores portugueses. 

segunda-feira, 14 de abril de 2014

léguas em andas de madeira

Um humor
Num par de andas:
Uma mais alta que outra:
Renega os desapreços,
Os desapegos e os crimes da alma
Para poços e esconderijos.
Altivamente, um sorriso de calor,
Brisas que o trazem, brandas;
A nossa personalidade é pérola em ostra.
[Decaímos para a outra anda]
Um pavor,
Atiramo-nos pelas varandas -
Nas nossas mãos não se vê a palma -
Os dedos esmorecem, nem se sentem rijos.
Constante o desamor
E os enganos entre pernas bambas,
Levam-nos a coçar a crosta,
A rebentar a ferida,
A cair de costas.
Não temos humor,
E já pouco amor à vida.
Nem contra o que podes ripostas,
Desistimos do nosso fulgor.

sábado, 5 de abril de 2014

pouco perpétuo

A vida é um fungo, mas a morte também;
Não passamos de Natureza
Morta ou para matar.
Destruidores de lares
Pouco propositados,
Que divagam por todo o lado,
Pois todo o lado é nenhum.
Não somos nada por aí além,
Rogamos frieza
Nos arranjos que deixamos acumular,
Por perpetuarmos crença em altares;
Religiosidades de homens quadrados.
Queremos bons bocados,
Mas a estes não dedicamos tempo algum -
Porque não passamos de canalhas,
Bestas insensíveis,
Monstros de tropeções
Que roçam a má educação.
"Cuidado com o tronco onde talhas
O teu nome e o dos incríveis!..
Bastam uns borrões
Para dar à história um caixão."
Insensibilidade que transborda dos cortes -
Machadadas numa alma de remendos -
Só mostram o que já não há para ver,
Deixando a perplexidade do complexo
No ar, que penetra mentes.
Mentes, fracas, fortes.
Mentes.
Mentimos ao declínio do nosso ser,
Perdemos o nosso reflexo.
Como a Natureza se perde no resto.