quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

"You Are a Poem"

Vi, a circular por aí, um envelope que tinha nele escrito "You are a poem". Lembrei-me logo de escrever algo sobre isto. Que significado poderei dar a um poema, em primeiro lugar? Bem, posso tentar começar por chamar-lhe uma forma de escrita específica, com ou sem rima, muito bem agrupada nas suas estrofes. Posso caracterizar os poemas pelos sentimentos que tentam transmitir às pessoas, pelos duplos significados retorcidos e até por todos os percalços que vamos encontrando à medida que deciframos uma mensagem um tanto escondida ou, como se costuma dizer, ler o que está nas entrelinhas. Ao fim ao cabo, posso, sem recorrer a conteúdos aprendidos em Língua Portuguesa, caracterizar um poema facilmente. Mas, num caso como este, em que o poema é tido como uma certa qualidade de uma pessoa, torna-se talvez um pouco mais difícil de olhar e, tal como acima está feito, dizer: um poema é isto.
Com as pessoas, é mais complexo, infelizmente. Não consigo manter, nem por míseros e escassos segundos, uma opinião "preto no branco". Porém, considero uma pessoa chamada de poema uma pessoa cheia de mistérios, dificuldades de compreensão, amor e ainda mais: personificações invertidas de elementos da natureza que, com alguma sorte, se encaixam na perfeição numa personalidade um tanto complicada; repetições perfeitamente coordenadas com dizeres que, ao ouvido de uma só pessoa, soam que nem melodias vindas do acasalar de diferentes espécies. Não sei, aquele envelope intrigou-me mal o vi. Revi cenas na minha cabeça, senti-me um verdadeiro aventureiro. Não saí do sítio e devo ter feito a viagem mais rápida de sempre pois, na minha cabeça, parti da superfície até aos confins mais escuros e bem guardados, mas tudo numa fracção de segundo. Se descobri ou não as memórias que estava à procura para fazer deste texto uma reflexão poética? Julgo que memórias correctas não me faltaram e tudo o que tirei delas foi inspiração porque, das memórias, nada mais se pode tirar do que um ligeiro sorriso e uma felicidade que outrora existiu mas, por uma razão ou outra, deixou de estar presente e ficou num canto armazenada, como que uma carta por abrir, esquecida numa gaveta qualquer...