domingo, 9 de dezembro de 2012

O Auto-retrato da aula de Português

De estatura baixa, perdidamente desejoso de crescer uns míseros centímetros, resta-me orgulhar-me de características psicológicas não tão comuns numa sociedade de pessoas básicas e vazias.
Tenho, como a generalidade da população do mundo, uma mente com variados pensamentos. E mais que pensamentos, tenho qualidades e defeitos bem conhecidos (ou nem por isso, talvez tenha mais desconhecidos do que conhecidos).
Não me dedico concretamente a muitas coisas, isto é, não me dedico afincadamente a quase nada. Apenas à minha insubstituível fotografia e à escrita, mas nada por aí além.
Seria de esperar que tivesse objectivos a realizar que fossem compatíveis com as actividades que desempenho actualmente. Porém, escolhi entrar em e compreender mentes conturbadas e problemáticas que por aí existem, nos vários cantos deste mundo ironicamente redondo.
Se pudesse dar um nome à ambição crescente que tenho vindo progressivamente a construir e encontrar em mim, seria "futuro", pois, afinal de contas, é para ele que trabalhamos todos os dias e é para o atingir que nos levantamos e mergulhamos na infindável monotonia da nossa rotina.

sábado, 20 de outubro de 2012

Nostalgia can get you killed *ironic laughs*

E quando cais na monotonia de um momento, dia, estado espírito? Aliás, quando o teu estado de espírito é tão monótono que perdes qualquer possibilidade de resposta a seja o que for? Aí, nada resta a fazer senão esperar, preso num momento infindável. Começas a sentir-te inundado pela penumbra e uma sensação de solidão apesar de, ironicamente, estares rodeado de pessoas. Se pudesse retratar esta situação, seria com um enorme espaço preto com uma janela para o mundo. Porém e, novamente de forma irónica, não consegues utilizá-la para te escapares ao incomodativo silêncio do sentido, só te ouves a ti e até a tua própria voz te parece não estar em contacto com o teu cérebro. Enlouqueces. Não de forma óbvia nem exteriormente, mas como uma loucura silenciosa que te corrói por dentro, devagarinho, como se de uma aranha a tecer a sua teia aos poucos se tratasse. Nessa teia, és convidado e o anfitrião imobilizou-te naquele momento glaciarmente gelado. Insistindo ainda na analogia da teia e da aranha, debater-te-ás como um insecto em pânico.. e de nada vai adiantar. Ou, com muita sorte, a aranha te deixa tornar à tua vida ou és simplesmente engolido. A única diferença entre estas duas realidades é que na da aranha tudo acaba rápido ..
Dizem que a vida é feita (repleta) de momentos, não é? Pergunto-me, embora isto seja uma afirmação dita por uma "massividade" de pessoas, se será mesmo verdade... Os momentos sem vida contam como esses momentos fenomenais dos quais ouvimos falar, vezes e vezes sem conta? Pois assumo que não. Nunca na minha (ainda curta) vida reparei em referência a algum tipo de paragem numa solidão inultrapassável. Talvez me aconteça só a mim, quem sabe..?

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O meu amor de morango

Surgiu este título numa conversa comum, uma como tantas outras que se vão tendo. No entanto, as pessoas diferem umas das outras e nem sempre ou, melhor dizendo, raramente se encontram incentivos à escrita como este.
Mal li a frase onde esta .. chamemos-lhe expressão.. estava inserida, ocorreu um acender de luzes na minha cabeça. Comecei a imaginar e a compôr o texto, devagar e com carinho. Acabou por ser uma ideia que me passou ao lado, ainda que, uns tempos depois, tenha vindo aqui de propósito para fazer honra à palavra que dei em como iria escrever um texto sob este título. Porém, terei de fantasiar um pouco...
"Amor de Morango" remete-me, quase imediatamente, para o Verão. Talvez por estar ligado a um sabor de gelado, talvez por ter aliado esta expressão ao mítico significado do "amor de verão", ou talvez por a dita expressão ter sido balbuciada numa noite de verão..
Se tentasse dar um significado definitivo a "amor de verão", seria exactamente um sabor de gelado. Porquê? Bem, porque, apesar de ser um amor pouco duradouro e frio, é um amor doce e capaz de nos estampar um sorriso na cara como mais nada consegue. Esperem... Isto remete-me para o dito amor, mas agora não metaforizado como um gelado. Foi, de facto, uma engraçada e oportuna escolha de adjectivos para ligar os dois possíveis amores de verão. Não condenando o outro, julgo que o gelado será uma escolha mais segura pois a maior dor que nos poderá dar será uma dor de barriga, ou seja, nada que não se aguente e não se ultrapasse rapidamente. Já o outro ... pode, tal como o gelado, acabar sem deixar dor alguma mas, regra geral, deixará dores na barriga de cima, aquela que precisa de ser alimentada e não é, pelo menos não tão regularmente.
Despeço-me desta forma de um verão que rapidamente nos passou pela frente e nos deixou a chorar por mais, tal como um amor de morango faz.
Fotografia: Catarina Oliveira e Silva

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Don't fake a smile, find reasons to have a real one

As ideias para escrever têm surgido como chuva em Inglaterra, no entanto, quando aqui chego, faltam-me palavras ou mesmo ideias que liguem pensamentos de forma oportuna, não se notando com elas as quebras que tenho no raciocínio.
Vejo um sorriso falso, aqui e ali. Eles perseguem-me. Percebo perfeitamente o porquê de os ver, não a razão de terem de os usar, mas o porquê de o fazerem. Temos tendência a mostrar-nos fortes, a mostrar que não arredamos pé e que estamos sempre ao nosso máximo. Teremos essa tendência até ao dia em que, por sorte ou perspicácia, percebermos que é mais doloroso guardar coisas que são feitas para andarem por aí do que deixá-las simplesmente fugir enquanto estão frescas. Enfim, nesta sociedade, tentamos sempre dar a faceta feliz e segura, ainda que não passe de uma fachada mal engendrada por um encenador preguiçoso. E, como maus encenadores que somos, esquecemo-nos frequentemente da participação de outros actores na peça, intervenientes esses que, obviamente, mudarão o rumo dos acontecimentos e a forma como se desenrola toda uma história - a nossa, neste caso. Mas, para além de maus encenadores, conseguimos também ser maus actores. Reconheço nas pessoas alturas em que lhes é já impossível compactuar mais com o próprio guião, com a decisão de deixar tudo bem lá no fundo, com o seu modo de vida um tanto errado. Com isto, tento reforçar uma ideia de preguiça, ou melhor, de não-esforço em guardar tanto mal dentro de um pequeno recipiente.
A sociedade em que vivemos obriga-nos a ser assim. Aquilo que devia ser uma interacção constante, até uma harmonia, tornou-se um bicho de sete cabeças que nos julga até perdermos a nossa. E quando isso acontece, aparecem-nos duas opções: Fresh Start ou Never Mind. Em ambas, temos consciência da decisão que estamos a tomar. Porém, apenas numa conseguimos garantir um regresso a uma vida melhor, um regresso que determine uma derrota da sociedade, uma derrota de quem quer que nos tenha levado tão baixo. Gostava de sublinhar que, em tudo o que fazemos, devemos procurar a vitória e não nos devemos contentar com um empate ou uma mísera derrota.

Revejo-me a retomar hábitos antigos, como o de desviar-me completamente do tema inicial, com gosto e felicidade - da verdadeira - e isto faz-me sentir um carinho por mim, pelo meu interior e faz-me apreciar-me mais enquanto pessoa, coisa que, novamente por culpa da sociedade, muitas pessoas não fazem.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Inconditonal love, mark those words

Não é costume meu escrever aqui falando de gostos pessoais, no entanto, o que marcou o dia de hoje não pode deixar de ter a sua marca. Falo, obviamente, do Sporting Clube de Portugal.
Desenvolvi, neste ano mais do que em qualquer outro, uma paixão ainda maior por este clube. Aprendi a aceitar os erros, ainda que não de ânimo leve, aprendi a vibrar com todos os bons momentos e, acima de qualquer coisa, a apoiar incondicionalmente uma equipa que, dos seus adeptos, tudo merece.
Fomos derrotados, é a verdade. Apesar de todo o esforço, toda a dedicação e toda a devoção, não obtivemos a glória que tanto ambicionávamos e merecíamos. Fomos, infelizmente, eliminados de uma forma um pouco injusta. No futebol, interessa apenas o resultado final, mas deixamos para trás o nosso sonho europeu de cabeça erguida, de leão ao peito e muito orgulhosos.
Orgulho é o que tenho a dizer sobre todo este grupo, lutaram até ao fim e, no que depender de mim e de todos os outros adeptos, nunca irão estar sozinhos!
Também é verdade que há já muito tempo não temos um troféu novo para aumentar o nosso museu. Os tempos têm sido de uma grande instabilidade e nem sempre nos adaptamos com a devida rapidez. No entanto, temo-nos mantido fortes e, espero não me enganar, cada dia mais unidos.

Um obrigado especial aos jogadores que ontem jogaram com toda a raça possível:
Rui Patrício, Anderson Polga, Xandão, Insúa, João Pereira, André Martins, Daniel Carriço, Matías Fernandez, Stijn Schaars, Diego Capel, Bruno Pereirinha, Carrillo, Jéffren e Ricky van Wolfswinkel.


Na imagem: Diego Capel e Emiliano Insúa


















Pede-se força para este Leão, pede-se coragem... E nós podemos tudo, não nos esqueçamos disso.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

I bet you can't find the sun

Foi um feriado chuvoso, este 25 de Abril. Tomando os dois possíveis significados dessa expressão, tento aqui construir algo como um toldo ou um simples guarda-chuva que permita manter-me seco enquanto penso, falo ou o que quer que faça aqui.
Há pessoas que tudo deixam ao acaso, outras há que planeiam tudo com o mais ínfimo pormenor e depois há as moderadas. Em qualquer um dos tipos de pessoa, há envolvida a expectativa que, naturalmente, se irá apoderar de qualquer das possíveis situações. No primeiro, temos as expectativas de que aconteça algo de bom, inesperado, porém; no segundo, há a esperança de que tudo corra pelo melhor, exactamente como planeado, e que nada se desvie do objectivo; por último, temos o moderado. Este, como os outros dois, quer sair feliz de qualquer situação mas acaba por estar mais ao acaso do que o próprio. Isto porque não sabe sobre o que ter expectativas, não sabe o que pensar, sabe que algo vai acontecer porque tinha um pré-plano ou algo do género, mas não acertou qualquer pormenor e talvez nem toda a base do plano saiba ... O que leva a que apenas uma gentil rabanada de vento possa deitar por terra toda uma falsa felicidade, criada no limiar de algo bom.
Vi muitas pessoas com o tão conhecido cravo ao peito. Perguntei a uma o porquê. "Toda a gente tinha um, também quis.", a resposta obtida foi esta, o que me deixou algo surpreendido. Estava à espera de algo como "viva a liberdade!" ou mesmo "vivam os Capitães de Abril!"... O que me demonstra que, cada vez mais, a sociedade, digo, as pessoas dos dias de hoje se sentem atraídas pela sensação, falsa ou não, de inserção num padrão comum. Fiquei a fervilhar até uma pessoa a transbordar de felicidade passar a uns meros metros de mim e contagiar-me um pouco. Não percebi como, num dia tão cinzento, estava alguém tão sorridente, despreocupado e sem medo da vida, no mesmo sítio que eu. É possível e até provável que o tão brilhante sorriso não fosse verdadeiro, no entanto, aquela criança vestida de cores berrantes emanava felicidade por tudo o que era canto, na muito sombria tarde do 25 de Abril de 2012.
Encerro um dia com picos de luz com um texto escuro e triste, se bem que, dentro de todos nós, há um sol atrás das nuvens à espera de aparecer. E quando ele aparecer, o Inverno triste, frio e chuvoso desaparecerá para dar lugar a um Verão - ou, não exageremos, uma Primavera - com mais sol, calor e sorrisos... essencialmente, sorrisos.
Photo by Francisco Ribeiro

quarta-feira, 21 de março de 2012

Deepest drawers hide the most secret secrets

Vim aqui há uns dias e pensei em escrever, pensei em voltar a fazer o gosto aos meus olhos, aos meus dedos e a todos os meus órgãos porque, e isto não está correcto cientificamente, sinto orgulho a percorrer-me todo o corpo, como se fosse uma hormona segregada por várias glândulas em simultâneo. É, ao mesmo tempo, uma sensação boa e uma sensação de confusão pois, sem saber e de um momento para o outro, estou com o burburinho já familiar na minha barriga. É semelhante a andar numa montanha russa - quando subimos, estamos nervosos; quando estamos a descer, sentimo-nos realizados - mas neste caso é ao contrário, como se descêssemos antes de subirmos. É, como já mencionei anteriormente, uma sensação confusa... porém, confortante. Portanto, em termos de lógica: se é confortante, é bom e dá-te o quentinho necessário a uma boa noite de sono, ou apenas a uma noite descansada, pouco importa. O que quero sublinhar é o facto da necessidade de conforto ser, cada vez mais, exactamente uma necessidade.
Talvez tenha sido um pouco confuso, como em todas as vezes que começo a procurar com mais ânimo e dedicação, com mais calma e brio, as fundas gavetas do armário cerebral (devia dar ouvidos à minha mãe e tirar um bocadinho de cada fim-de-semana para o arrumar, teria agora menos trabalho). As gavetas estão muito pesadas, talvez tenha guardado roupa indevida, roupa que já não me serve de forma nenhuma, roupa que, por desgosto ou felicidade meus, foi ficando gasta e se tornou inutilizável. Mas há que se renovar o guarda-fato, não é?
Deparo-me com inúmeros problemas de expressão, durante o dia. Não só meus, aliás, mais dos outros do que meus e penso, para mim, é claro, que as pessoas se centram mais em tentarem falar do que em falar realmente. Preocupam-se tanto com o impacto que uma ou outra palavra pode ter que acabam, depois de tanta volta, por se esquecer do verdadeiro motivo que as levou a ter aquela conversa, com aquelas divagações impróprias que surgiram e tudo o que veio atrás delas.
People tend to complicate, essa é a verdade. Mas, se somos tão tremendamente inteligentes para certas coisas - as mais difíceis, por sinal - por que razão não podemos ter o mesmo desempenho quando ligados a coisas que, no nosso ponto de vista, são óbvias ou básicas? Dunno , I really don't.

Ouvi por aí dizer que hoje era o dia da poesia... não é costume fazer isto e, sendo completamente sincero, não sei se tenho a qualidade necessária para fazer uma, duas ou talvez mais quadras bem feitas...

Tentas, tentas e voltas a tentar
Pensas em algo para esconder a frustração
No entanto, não consegues à verdade escapar
E voltas a virar-te para o teu coração

Esse, que teu amigo para sempre será,
Pode enganar-te, é verdade
Mas que amigo não o fez e por cá ainda está?
Quando te voltas para ele, é como se atravessasses uma inteira herdade

E no fim, mesmo no fim
Sais magoado e o coração parece não estar
O cérebro serve para situações assim
E aposto o que quiseres, ele vai fazer um frenesim

Pois, se estes dois não cooperarem, tudo estará perdido e tu não consegues viver assim.








Look at the freaking drawer. Now what? Search deep in there, you'll find what you're looking for.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Should I just hit it with something , I mean ...

Já faz algum tempo desde a minha última paragem aqui. Fui encontrando novas formas de me distrair, no entanto sentia que algo importante estava em falta: a escrita, sem tirar nem pôr. Então, nesta noite que precede um dia um tanto complicado, decidi vir "matar saudades" deste meu espaço, deste meu lugarzinho reconfortante.
Procuro, algures no vazio, um local que contenha a respostas às minhas pertinências. Assim, deito-me todos os dias no meu refúgio mas, em vez de experimentar saltar para uma calma e rápida noite, divago nos pesos que sinto ter na minha cabeça. Um deles, o que me intriga mais, é o mais requisitado, por assim dizer. Tira-me do estado de meditação esperado de alguém com sono, esperado de alguém que sorri incondicionalmente para a vida. E consegue fazê-lo pois tem o poder, a capacidade de tirar sentido a coisas que dava como garantidas, duvidar aqui e ali. Isso torna os dias incertos - tanto que, por vezes, mal os vejo passar - e também um pouco mais difíceis de suportar. Aprendi, já há alguns meses, que tudo à minha volta é relativo - o que agora está, amanhã poderá nem existir. Engulo (com certa dificuldade) as palavras quando reconheço o meu engano, fico a matutar bastante sobre o assunto, sobre o que me levou a errar e sobre a verdadeira resposta. Tento ser o mais lógico possível e aclarar tudo, porém e por pena minha, nós, seres-humanos, temos uma tendência universal - complicar o que é simples. E, depois de complicado, torna-se mais difícil ainda de resolver seja o que for. Com sorte, a resposta pode efectivamente cair do céu, como se alguém a tivesse atirado com tanta, tanta força que ela tenha viajado por alto até às minhas modestas mãos, ou modestos pés... Pena as respostas não caírem do céu, mas podem aparecer do nada, pois é esse o verdadeiro significado da expressão, afinal de contas. Mas, para essa resposta acender a tal lâmpada que parece há já uns tempos fundida, precisamos de ser lógicos, de raciocinar o mais possível.

We shouldn't buy light bulbs, we should only try to fix ours...