Que pensas que estás a fazer? Quem? Eu? Sim, tu aí de vermelho. Que estás a fazer? Eu? Eu estou a fazer o que realmente me compete, ao contrário de ti. Eu também estou a fazer o que me compete. Ai sim? Sim, estou a comandar um exame à tua estranha actividade. Afinal de contas, eu comando o corpo do indivíduo onde estás e estamos todos alojados. Deves pensar que és muito importante, tu... E é totalmente verdade, sem mim nada neste corpo funciona. Talvez seja verdade, mas sem mim tu também não funcionas. Ehr... (tosse atrapalhado), está bem, mas estás a desviar-me do assunto. Não fui eu, tu é que te desviaste inicialmente. Cala-te durante uns minutos, estás a tirar-me do sério! Não tenho culpa, tu é que dás demasiada importância a todo o pormenor. Eu? Tu fazes com que eu dê importância a quem não a merece! Desculpa? Eu apenas mando fazer o que os sentimentos do rapaz realmente querem. Mas eu não quero obedecer, e agora? Tens de o fazer ahah, é a lei natural da vida. Quem te disse que isso existe? Tu próprio, passas a vida a gritar lá na tua sala, lá em cima. Apenas oiço algumas coisas. Mas tu não podes fazer parte disso, tens de deixar o rapaz viver. E ele sempre viveu com amor, está vivo, não está? Está sim, mas apenas porque eu estou lá para o obrigar a levantar, apesar de ficar um pouco incapacitado quando tu erras nas tuas decisões. Mas... errar é humano, sempre foi. Entende uma coisa, tu não és um humano, apenas fazes parte dele. Sim, talvez isso seja um pouco verdade, ou até totalmente verdade. Mas se eu não existisse o rapaz não passava de um robô. Talvez, mas não achas que viveria melhor assim? Como é que alguém pode viver sem emoções, sem amor, sem tristeza? Sem tristeza é possível... Oh, claro que é, mas tu percebeste o que quis dizer. Sim, percebi bem. Mas tu também tens de perceber que muita gente se fartou da vida devido aos desgostos que tu dás, por seres tão aventureiro e agires sempre de "cabeça" quente. Sim, mas eu não tenho culpa! Se não for assim, como serei? Talvez um pouco mais cauteloso? Não dá, a sério, é muito difícil para mim fazê-lo. Não é por má vontade. Mas tu enervas-me com isso, sabes? Sei, perfeitamente aliás. Então se sabes por que razão continuas a fazê-lo? Já te expliquei, é-me impossível evitar isso. Alguém me dê algo para atenuar os nervos, este tira-me sempre do sério. Temos de chegar a um consenso, percebes? Claro que sim, mas tens também de perceber que este consenso, como tu lhe chamas, prefiro chamar-lhe acordo, não vai durar muito... E porquê? Eu sou mentiroso, minto compulsivamente, mas sempre com uma causa concreta. Ao contrário de ti que, por vezes, mentes só porque sim, porque te dá na gana. Isso é uma forma de divertimento (diz indignado), e uma mentirinha nunca fez mal a ninguém. Talvez não tenha feito, mas e se forem várias mentirinhas? Pois... isso é capaz de ser uma grande confusão... Não é capaz, é mesmo uma grande confusão. Talvez, mas estás a fugir ao assunto outra vez. Eu vim aqui abaixo pois tu estás outra vez a ter um dos teus movimentos repentinos. E depois? Não posso? E se der em asneira, uma vez mais? Se der em asneira, deu, olha, acontece. Sim, mas como saberás que é a tal? Simplesmente não sabes, isso vê-se com o tempo. Então... Espera que ainda não acabei. Tens de perceber que, quer nesta quer noutra idade, qualquer uma pode ser a tal. Sim, mas... CALA-TE, deixa que isto seja à minha maneira, pelo menos desta vez. Hmpf, está bem, mas só desta vez, garanto-te que se tiver de vir aqui novamente não serei tão brando.
E realmente tinha razão, hoje foi uma noite diferente. Consegui executar a tarefa a que me fui propondo fazer durante o dia de hoje, ou de ontem aliás. Hei-de descobrir quem ganhou, pois não acredito no que o cérebro me disse, e ele é orgulhoso também.
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