Há pessoas que tudo deixam ao acaso, outras há que planeiam tudo com o mais ínfimo pormenor e depois há as moderadas. Em qualquer um dos tipos de pessoa, há envolvida a expectativa que, naturalmente, se irá apoderar de qualquer das possíveis situações. No primeiro, temos as expectativas de que aconteça algo de bom, inesperado, porém; no segundo, há a esperança de que tudo corra pelo melhor, exactamente como planeado, e que nada se desvie do objectivo; por último, temos o moderado. Este, como os outros dois, quer sair feliz de qualquer situação mas acaba por estar mais ao acaso do que o próprio. Isto porque não sabe sobre o que ter expectativas, não sabe o que pensar, sabe que algo vai acontecer porque tinha um pré-plano ou algo do género, mas não acertou qualquer pormenor e talvez nem toda a base do plano saiba ... O que leva a que apenas uma gentil rabanada de vento possa deitar por terra toda uma falsa felicidade, criada no limiar de algo bom.
Vi muitas pessoas com o tão conhecido cravo ao peito. Perguntei a uma o porquê. "Toda a gente tinha um, também quis.", a resposta obtida foi esta, o que me deixou algo surpreendido. Estava à espera de algo como "viva a liberdade!" ou mesmo "vivam os Capitães de Abril!"... O que me demonstra que, cada vez mais, a sociedade, digo, as pessoas dos dias de hoje se sentem atraídas pela sensação, falsa ou não, de inserção num padrão comum. Fiquei a fervilhar até uma pessoa a transbordar de felicidade passar a uns meros metros de mim e contagiar-me um pouco. Não percebi como, num dia tão cinzento, estava alguém tão sorridente, despreocupado e sem medo da vida, no mesmo sítio que eu. É possível e até provável que o tão brilhante sorriso não fosse verdadeiro, no entanto, aquela criança vestida de cores berrantes emanava felicidade por tudo o que era canto, na muito sombria tarde do 25 de Abril de 2012.
Encerro um dia com picos de luz com um texto escuro e triste, se bem que, dentro de todos nós, há um sol atrás das nuvens à espera de aparecer. E quando ele aparecer, o Inverno triste, frio e chuvoso desaparecerá para dar lugar a um Verão - ou, não exageremos, uma Primavera - com mais sol, calor e sorrisos... essencialmente, sorrisos.
Photo by Francisco Ribeiro |
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