sexta-feira, 5 de agosto de 2011

I'll make it through the corn maze, I'll make it to the road

Lembro-me da altura em que não sonhava. Lembro-me de desesperar por alguma ficção enquanto dormia. Lembro-me de esperar uma aventura espectacular antes de acordar cedo. Nada. Nesses tempos era a única coisa que vivia durante o sono. De há umas semanas para cá voltei a sonhar, voltei a participar em aventuras, voltei a idealizar dias, a concretizar desejos, enfim, voltei a sonhar. Lembro-me de ter sonhado com uma viagem. Não era uma viagem de carro, não era de avião, era uma viagem de mota. Mas também não era uma mota qualquer, era uma Vespa azul, daquelas antigas e brilhantes, simplesmente perfeitas. Estava sozinho, ou se calhar até nem estava. Lembro-me de estar a olhar para a frente com um capacete com autocolantes com cores vivas, estava com óculos de sol mas era de noite, o que me faz pensar que já estava a andar há várias horas. Parei finalmente numa estação de serviço, não sei em que país estava mas todo e qualquer sinal que me aparecera à frente estava escrito em Inglês. Entrei no restaurante da estação, pedi uma sandes com queijo e alface - é do dia anterior - pensei. Bebi um café. Não percebi ao certo o facto de me ter sido servido um Nespresso numa estação de serviço no meio de nada... ou quase nada. Fiz-me à estrada novamente após a pequena pausa, sentia uma vontade enorme de falar com alguém, então liguei a rádio para não me sentir tão sozinho. Mais uma vez, a língua falada pelo locutor era o Inglês. Sinceramente, não liguei ao que ele dizia nem um pouco, apenas queria companhia na solidão da noite. Deixei-me dormir no próprio sonho, acordei na berma da estrada deitado sobre algo que estava entre milho e feno, tendo o cheiro de um e a textura do outro. A Vespa estava perfeitamente estacionada numa pequena falha na plantação. Olhei em volta, o sol ofuscou os meus olhos sonolentos e quis voltar a dormir. Ganhei coragem e levantei-me. Andei por ali alguns minutos. Lembro-me de olhar para o relógio e serem apenas 7:25h da manhã, à volta disso.
Quis fazer-me à estrada novamente mas, mal toquei na Vespa para a empurrar levemente até à estrada, acordei. Todo o sol, todo o aroma que estava no ar, tudo o que estava a viver ali tinha desaparecido. Penso que desta vez perdi o sentido do sonho, apesar de saber perfeitamente que nem tudo o que sonhamos tem um sentido. Ou talvez até tenha percebido o que o subconsciente me queria dizer com isto e apenas precise de outro sonho para me lembrar.

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