terça-feira, 22 de julho de 2014

boa noite

"Começo a conhecer-me. Não existo." (Álvaro de Campos)
Existir é relativo e eu também.
Sou relativo a tudo e há coisas relativas a mim;
Mas não vejo reciprocidade.
Talvez me falte percepção,
Talvez me deturpe o desdém.
O "talvez" faz-se frenesim
Quando me revejo na cidade.
Aqui, só sou cidadão,
Não sou pessoa, não sou ninguém.
Aqui, não existo.
Passo-te ao lado
Como um jornal ressequido no passeio.
Resumo-me a isto:
Desfraldado
E completamente alheio
Ao que possas pensar...
Porque eu conheço-me e isso deixa-me triste;
Mas tu conheces-me e és feliz com isto:
Com um quase fardo.
Quiçá possa rematar
- Baseio-me em todas as vezes que riste
Comigo, por mim, sorrindo num misto
De admiração por este bardo
E de amor por este idiota.

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